Profecia autorrealizável - Você já ouviu falar?

Você já ouviu falar em profecia autorrealizável, ou Self-fulfilling prophecy, na língua original? É um
termo interessante para assunto ainda mais interessante: profecias! Profecia é uma previsão do futuro, mas pode ser também um presságio, uma intuição e um prognóstico.

O sociólogo americano Robert Merton, autor da expressão acima, estudou, nos anos 40, o efeito das expectativas que as pessoas criam para elas mesmas ou terceiros. Que seriam como que profecias, o que na psicologia se chama de efeito Pigmaleão, o célebre personagem mitológico do escultor que sonha com a mulher ideal, e decide criá-la com as próprias mãos. Quando terminou ele ficou tão encantado, que não apenas viu a obra perfeita, mas a mulher que idealizara, e por ela se apaixonou, chamando-a de Galatéia. Esse sentimento foi crescendo, mas tratando-se de uma estátua, acabou gerando frustração, e uma ansiedade gradativa de ter entre seus braços a mulher ideal viva. A deusa Afrodite, comovida com esse grande amor, decidiu transformar a estátua em uma mulher de verdade.

Ao usar a expressão que se popularizou, Self-fulfilling prophecy (profecia autorrealizável), Robert Merton traduziu a influência que uma visão do futuro tem sobre os acontecimentos vindouros. O que quer dizer que quando imaginamos, desejamos ou tememos um acontecimento futuro, nos movemos, muitas vezes de forma inconsciente para que tal futuro se realize. Como o sociólogo explica, a profecia auto-realizável, é inicialmente uma irrealidade, mas que provoca um novo comportamento, fazendo com que a concepção falsa se torne real, ou seja quem faz a profecia é quem a faz acontecer. Isto tornou-se visível em um estudo na época, no mundo empresarial, em que se constatou que as expectativas dos gerentes afetam positiva ou negativamente os funcionários.
O mesmo foi comprovado no ambiente escolar. Em 1968, os alunos de uma escola primária foram submetidos a um teste de QI no início do ano. Os pesquisadores reuniram os professores da escola e informaram que 20% das crianças tinham conseguido altas pontuações, garantindo que aqueles alunos iriam crescer academicamente naquele ano e se destacariam dos demais. Os nomes das crianças foram informadas aos professores, mas não às próprias crianças. No final do ano, fizeram nova avaliação, e os 20% tiveram mesmo uma performance significativamente melhor. O interessante é que os pesquisadores haviam mentido para os professores no início do ano, porque, na verdade, os alunos apontados como os que teriam resultados auspiciosos, não obtiveram resultado melhor do que os outros nos testes iniciais. A conclusão foi que os professores mudaram sua atitude para com aqueles alunos, tornando-se mais encorajadores e envolvidos com o seu aprendizado.

Quando Merton estudou a falência de bancos, concluiu que, os correntistas correm para retirar o seu dinheiro, apavorados com os boatos que os especuladores se encarregam de espalhar, ou seja não se trata de um movimento natural de percepção, mas uma manipulação intencional e premeditada do comportamento de massas.  O mesmo podemos verificar com o resultado das últimas eleições, para Presidente no Brasil, em 2018, só que neste caso, podemos observar o efeito de uma movimentação voluntária, pelo menos em um dos lados. A força de duas correntes de pensamento, duas egrégoras que se formaram e lutaram entre si, até culminar na vitória do candidato considerado mais fraco, sob muitos aspectos importantes, mas que se fortaleceu na aglutinação de um desejo que foi se fortificando, ganhando cada vez mais adeptos nas redes sociais, até virar um objetivo concreto, unindo vozes e ação de um contingente de pessoas, de norte a sul do Brasil, com um objetivo comum: mudar o rumo do país. Isto aconteceu, mesmo com o concorrente munido de todos os meios necessários que historicamente levavam qualquer candidato à vitória, como recursos financeiros, midiáticos e toda uma experiência de vitórias e popularidade. 

O uso especulativo dos recursos da Psicologia do comportamento nas sociedades modernas, ainda que não seja tão corriqueiro, tornou-se imperceptível. No caso da profecia autorrealizável, trata-se de um condicionamento, consciente ou inconsciente, daí a exploração escandalosa por agentes econômicos. Mas aqui eu prefiro me ater ao lado construtivo da Profecia, destacada na definição do próprio autor do termo: "A profecia autorrealizável é, no início, uma definição falsa da situação, que suscita um novo comportamento e assim faz com que a concepção originalmente falsa se torne verdadeira".

A simples idéia de programarmos a nossa vida e sermos bem sucedidos no empreendimento já é extraordinária, imagine quando você se apercebe que isso é possível e, melhor ainda, está nas nossas mãos?! Você tem um sonho? Impregne sua mente com a ideia de que é possível, use a auto-sugestão, e torne seu sonho um objetivo. Cerque-se de imagens, leituras e filmes que reforcem essa idéia. Torne isso um hábito e permita que sua mente te guie. Uma coisa é certa, se alguém já fez/conseguiu o que você almeja, o seu sonho, pode ser difícil, mas não impossível, certo? 
Mãos à obra!!!







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