Os miseráveis - Uma temática atemporal
"Enquanto, por efeito de leis e costumes, houver proscrição social, forçando a existência, em plena civilização, de verdadeiros infernos, e desvirtuando, por humana fatalidade, um destino por natureza divino; enquanto os três problemas do século - a degradação do homem pelo proletariado, a prostituição da mulher pela fome, e a atrofia da criança pela ignorância - não forem resolvidos; enquanto houver lugares onde seja possível a asfixia social; em outras palavras, e de um ponto de vista mais amplo ainda, enquanto sobre a terra houver ignorância e miséria, livros como este não serão inúteis."
- Fonte: "Os Miseráveis" - Prefácio
Os miseráveis é uma obra épica completa, que encanta todos que a lêem. Trata-se de um romance que destaca sobretudo a injustiça, pois conta a história de um homem que foi condenado a 19 anos de prisão e trabalhos forçados, simplesmente por ter roubado um pão. O cenário é a França do século XIX, mas seus personagens e conflitos poderiam existir em qualquer época.
No romance de Victor Hugo, existe todo o tipo de miserável e miséria que encontramos no cotidiano de nossas vidas, nas nossas relações sociais, ou familiares ou nas manchetes dos jornais e TV.
Temos, de um lado, o injustiçado e sofredor, condenado por leis jurídicas desumanas e perseguido por convenções sociais e religiosas degradantes, e, do outro, o oficial de justiça, afiançado por um misto de dever e religiosidade ignorante. Há também a jovem seduzida por falsas promessas e pela paixão carnal, indefesa, abandonada à miséria, à responsabilidade prematura da maternidade, e aos olhares condenatórios de uma sociedade de valores sociais e religiosos doentios por sua natureza desumana, e outra vítima, uma criança, que, sem o nome paterno, desprezada pela sociedade, é, pelas circunstâncias infelizes, obrigada a viver longe da proteção materna, à mercê da maldade gratuita. Não faltam, é claro, os oportunistas e invejosos de plantão, gente inescrupulosa que não precisa de muito para dar asas a sentimentos e emoções vis. No cerne de tudo, a corrupção política, o célebre idealismo juvenil e a resignação, desesperança, desânimo, e, porque não dizer, a covardia da grande população, que, desnudada de dignidade, se curvou e condicionou, por gerações, a inclinar-se ao desprezo e às migalhas das mesas dos ricos e privilegiados, e ao descaso de sucessivos governos, e se vê sem forças para lutar pelos seus direitos.
Alguma similaridade com os tempos atuais?
Victor Hugo consegue orquestrar as incoerências e disparidades, em suma, a complexidade da natureza humana. No seu romance, mais do que a pobreza e a fome, é a miséria da alma, exposta em todo o tipo de sentimento e artimanha vil, desapiedada e fria, que choca. Mas, se, por vezes, somos acometidos pela dúvida, se realmente estamos com essa bola toda, de que fomos feitos à semelhança de Deus e coisa e tal, devemos ovacionar, que, não apenas no romance, mas em todo o lugar, há almas condignamente boas que reacendem a fé em nós mesmos, na nossa humanidade. Almas que seguem incólumes, em meio a tanta perfídia, com o olhar compassivo, oportuno e zeloso da fraqueza alheia, seja ela de que natureza for.
E é assim que, muitas vezes, a injustiça é diluída em oportunidades que são abraçadas, divididas, distribuídas de mil formas, seja em aprendizado, ações ou exemplos marcantes que se reproduzem por gerações, protegendo e mobilizando um contingente de indivíduos que mantêm a humanidade no caminho saudável da evolução e da riqueza da alma.
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Os miseráveis é uma obra épica completa, que encanta todos que a lêem. Trata-se de um romance que destaca sobretudo a injustiça, pois conta a história de um homem que foi condenado a 19 anos de prisão e trabalhos forçados, simplesmente por ter roubado um pão. O cenário é a França do século XIX, mas seus personagens e conflitos poderiam existir em qualquer época.
No romance de Victor Hugo, existe todo o tipo de miserável e miséria que encontramos no cotidiano de nossas vidas, nas nossas relações sociais, ou familiares ou nas manchetes dos jornais e TV.
Temos, de um lado, o injustiçado e sofredor, condenado por leis jurídicas desumanas e perseguido por convenções sociais e religiosas degradantes, e, do outro, o oficial de justiça, afiançado por um misto de dever e religiosidade ignorante. Há também a jovem seduzida por falsas promessas e pela paixão carnal, indefesa, abandonada à miséria, à responsabilidade prematura da maternidade, e aos olhares condenatórios de uma sociedade de valores sociais e religiosos doentios por sua natureza desumana, e outra vítima, uma criança, que, sem o nome paterno, desprezada pela sociedade, é, pelas circunstâncias infelizes, obrigada a viver longe da proteção materna, à mercê da maldade gratuita. Não faltam, é claro, os oportunistas e invejosos de plantão, gente inescrupulosa que não precisa de muito para dar asas a sentimentos e emoções vis. No cerne de tudo, a corrupção política, o célebre idealismo juvenil e a resignação, desesperança, desânimo, e, porque não dizer, a covardia da grande população, que, desnudada de dignidade, se curvou e condicionou, por gerações, a inclinar-se ao desprezo e às migalhas das mesas dos ricos e privilegiados, e ao descaso de sucessivos governos, e se vê sem forças para lutar pelos seus direitos.
Alguma similaridade com os tempos atuais?
Victor Hugo consegue orquestrar as incoerências e disparidades, em suma, a complexidade da natureza humana. No seu romance, mais do que a pobreza e a fome, é a miséria da alma, exposta em todo o tipo de sentimento e artimanha vil, desapiedada e fria, que choca. Mas, se, por vezes, somos acometidos pela dúvida, se realmente estamos com essa bola toda, de que fomos feitos à semelhança de Deus e coisa e tal, devemos ovacionar, que, não apenas no romance, mas em todo o lugar, há almas condignamente boas que reacendem a fé em nós mesmos, na nossa humanidade. Almas que seguem incólumes, em meio a tanta perfídia, com o olhar compassivo, oportuno e zeloso da fraqueza alheia, seja ela de que natureza for.
E é assim que, muitas vezes, a injustiça é diluída em oportunidades que são abraçadas, divididas, distribuídas de mil formas, seja em aprendizado, ações ou exemplos marcantes que se reproduzem por gerações, protegendo e mobilizando um contingente de indivíduos que mantêm a humanidade no caminho saudável da evolução e da riqueza da alma.
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Olá!
ResponderExcluirMuito legal seu blog com ótimo conteúdo gostaria de lhe dar os parabéns e desejar sucesso no seu Hiper Blog e que DEUS ilumine seus caminhos e de seus familiares
Um grande abraço e tudo de bom