Dividir e compartilhar

“O bem não permanece restrito à pessoa que o pratica. O bem é como a LUZ, uma realidade de irradiação. Como uma onda, segue seu curso pelo mundo, evocando o bem que está em todos e fortalecendo a corrente do bem pelos espaços sem fim.” (Leonardo Boff)
"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. (2) E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria." (I Coríntios 13:1-2 ACF1)

A FORÇAPoucas pessoas têm bem definido em si o que é fazer caridade. Talvez por sua conotação religiosa e também porque há muitas notícias na mídia sobre personalidades reconhecidamente célebres por sua atuação no mundo dos negócios, no cinema, na TV, engajadas em alguma causa filantrópica.
Há também constantes apelos à sociedade para a necessidade de se unirem a campanhas, apoiarem determinado evento destinado a levantamento de fundos para vítimas de catástrofes de toda a natureza, que têm acontecido pelo mundo. E, porque há sempre uma contra partida, notícias sobre fraudes ligadas a ONGs, dinheiro desviado, voluntários com ações na justiça angariando direitos como se fossem funcionários... Há realmente e sempre razões para justificar a má vontade, mas, há as boas notícias. Fazendo o balanço, o saldo certamente será positivo. Vejamos!

Governos encontraram formas de dividir a responsabilidade dos problemas sociais e estender a filantropia individual ao empresariado. Além das medidas econômicas já conhecidas, como redução ou isenção de impostos, foram criadas “Ferramentas de Gestão da Responsabilidade Social”, as Normas AA 1000, para o Balanço Social e a SA 8000, para a Gestão de Responsabilidade Social Interna, funcionando obviamente e também como mecanismos regentes para uma filantropia estratégica eficiente.

Referidas como exercício da cidadania corporativo, ações isoladas e eventuais como apadrinhamento de ONGs e comunidades carentes, ganharam apoio, parceria, metodologia, recursos e maior dimensão, com base em metas bem definidas e projetadas, envolvendo o bem comum e a inclusão social, sem esquecer o uso responsável dos recursos naturais com os olhos no futuro, isto é, a preservação de um ambiente saudável e seguro para as futuras gerações.

Imagens de celebridades internacionais do showbiz, TV e cinema visitando países pobres e sendo recebidas por governantes, funcionam como incentivo e exemplos para a ação individual. Por outro lado, em função disso, muita gente acaba entrando nessa de fazer caridade por modismo, incorporando ao seu estilo de vida, como freqüentar determinado salão de cabeleireiro ou restaurante.

Isso está errado? Eu digo que não. Mesmo que muita gente tenha seu gesto caridoso para exibir a foto, pendurar no quadro, aumentando sua fama e recebendo os milhões doados de forma duplicada ou triplicada ou para os não famosos, mas com igual necessidade de alimentar o ego, fazer seu marketing pessoal junto aos amigos, desafetos, parentes, vizinhos, ou ainda políticos posando de bom samaritano, enfim, seja qual for a motivação, a doação traz enorme benefício às instituições. Cada novo adepto da filantropia é uma vitória para as entidades beneficentes.

Fazer caridade é dividir o que tem, ponto. Que fique bem claro que a doação não está apenas no tilintar das moedas. Dividir conhecimento, tempo e bens em termos de prazer para o doador é igual, já para quem recebe, pobres, miseráveis, doentes, abandonados, esquecidos, idosos, crianças, o contato e a valorização tornam-se mais valiosos. Estudiosos alertam a toda a hora para os benefícios da estimulação da auto-estima, assim quando alguém se desloca a um asilo para conversar com idosos, ou a uma instituição de crianças abandonadas, maltratadas pela vida, é um refresco na vida destas pessoas, que se sentem excluídas da sociedade simplesmente por sua condição.

A intenção primeira aqui é eliminar o caráter estereotipado, exploratório e equivocado da palavra caridade, devolvendo o status devido e lembrar que a nossa atuação no mundo da filantropia não precisa ser necessariamente de bens materiais. Compartilhar conhecimento, por exemplo, é uma das formas mais enriquecedoras de doação e agregação de valor.

Certa vez andando pela rua, presenciei uma mulher parar o carro, descer e perguntar para a outra que lavava a calçada, de mangueira na mão, se ela já ouvira falar que dentro de poucos anos a escassez de água seria um problema para todos? Claro que a outra ficou ali parada de boca aberta, sem saber o que dizer. A pedido da primeira, lá foi ela fechar a torneira. Quando voltou, a outra iniciou ali mesmo uma aula particular. Eu segui meu caminho, não sei se surtiu efeito, mas só tenho visto vassouras por ali.

A multiplicação do conhecimento foi uma estratégia bem sucedida também de D. Zilda Arns em sua ação junto às comunidades carentes, na sua luta para salvar crianças pobres da mortalidade infantil, da desnutrição e da violência, e assim tem sido a política da Pastoral da Criança. ONGs precisam de constante suporte de experiências e habilidades em qualquer área. É bom não esquecermos que assim como em qualquer empresa, ou mesmo uma residência familiar, senão existir uma boa gestão dos recursos materiais, a empresa poderá falir e a residência virar um caos, com o chefe de família endividado até o pescoço. No caso da ONG pode significar fechar as portas e a rua da amargura para seus dependentes.

Quando uma instituição fecha as portas, o que acontece com mais freqüência do que deveria, todos perdemos muito. São crianças ou idosos, doentes, que serão jogados de qualquer jeito e aleatoriamente para qualquer local que aceite receber um, dois, três. Não há como manter aquele grupo, que de uma certa forma, criou vínculos entre si, todos juntos, em outra instituição.

A maioria das ONGs vive com super lotação. E para aquelas pessoas, é um recomeço. Todo um trabalho se perde, no caso de doentes, alguns morrem porque perdem qualquer resquício de fé, fazem sua escolha. Cansam de sofrer, chegam ao seu limite. Outros fogem e vão para as ruas, num estado extremo de carência, à mercê de oportunistas, loucos e viciados e também dos olhares desconfiados da sociedade ignorante dessa realidade dura, mas cansada do cenário de pobreza, miséria e violência.

Assim, fazer bom uso dos valores doados, na maioria das vezes, minguados, é habilidade imprescindível. Entenda-se como valores não apenas as arrecadações monetárias, mas também os alimentos, o mobiliário, o contingente de funcionários e voluntariado, a força e potencial intelectual, talentoso, ativo e criador também dos próprios internos, o espaço físico... São tudo recursos para administrar, tirar o máximo proveito, um rendimento constante e progressivo criando um ambiente auspicioso quando bem sucedido.

Muitas pessoas sentem certa inquietação, percebem que há muito que poderiam fazer, o dilema é sempre por onde começar, onde se dirigir, o que fazer. Além de haver hoje nas empresas e em escolas contingente considerável de pessoas com algum vínculo com ONGs, há também entidades que além de fornecerem suporte técnico às próprias organizações não governamentais, captação de recursos junto à sociedade em geral, cadastros de vagas e voluntários, ainda organizam palestras abertas ao público onde, entre tantos assuntos ligados à área da filantropia e do trabalho das ONGs, falam do exercício de voluntariar.

Talvez o impacto emocional da presença física de uma pessoa, a sua atenção, gesto, olhar, palavra seja incomparável ao cheque de um milhão (Que ótimo!) enviado pelo advogado ou secretário, mas a verdade é que na prática, como tudo, é um trabalho de equipe, um esforço conjunto, um grupo de ações que geram resultados. Portanto o mérito a todos pertence. Cada um faz o melhor, da forma que sabe, pode e sente, o importante é que o lucro social é para todos sem distinção.

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Comentários

  1. Gostei muito da expressão "lucro social', todos só tem a ganhar com o voluntariado, Comunidade, estado a sociedade em geral deve levar mnais a sério o trabalho voluntário. trabalhos importantíssimos como de D. Zilda Arns, devem ser amplamente divulgado para todo o mundo.
    E como você mesmo diz: "Quando uma instituição fecha as portas, o que acontece com mais freqüência do que deveria, todos perdemos muito." E é uma perda irreparável, significativa, um choque para todos, algo sem dimensão, que destroi sonhos, e joga na lata do lixo todo o amor, dedicação, esforço de todos aqueles que lutavam por cidadania e pela auto-estima das pessoas que frequentavam essa instituição.
    Parabéns pela postagem.

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