Qual a sua missão (1)? - Seu lugar no mundo
“Porventura, não beberei o cálice que o Pai me deu?” Davi em João 18.11
“Pai, se possível passa de mim este cálice” Jesus
No talk show “Inside the Actors Studio”, o apresentador, James Lipton, entrevista atores e diretores de cinema. No final, ele usa um questionário interessante sendo que a última perguntinha dá o que pensar “Se o Paraíso existe, o que gostaria de ouvir de Deus às portas do Céu?”.
Eu e minha amiga entrando no espírito da questão respondemos sem grande reflexão. Ela, “Minha filha, você venceu! Venceu sua arrogância, prepotência, suplantou todos os seus erros.” E eu: “Parabéns, cumpriste a tua missão!”
Afinal o que viemos aqui fazer?
Que esta perguntinha incomoda consciências não há dúvida, por outro lado há pessoas, ricas e pobres, que sequer pensam nisso, ou mesmo pensando não se torna um dilema em suas vidas. São pessoas plenamente satisfeitas com suas condições. Ricos e pobres com muito mais em comum do que imaginam. Uns sentindo-se privilegiados de Deus, e, portanto merecedores de sua bem aventurança, outros vivendo, se não felizes, pelo menos conformados com sua pobreza.
A razão de tal tranqüilidade, tal aceitação incondicional, sem peso na consciência para os privilegiados e a total ausência de ambição dos desventurados tem a mesma fonte, a mão de Deus. Os primeiros se dizem merecedores das benesses, sua fortuna seria assim um prêmio vindo diretamente das mãos do criador, por serviços, ações brilhantes num passado astral. Para os outros seria o castigo por atos expurgos.
Tem, no entanto, outro grupo de pessoas também privilegiadas com uma vida sem tormentos de qualquer natureza que, diferentemente dos outros, sentem culpa por sua inexplicável bem aventurança, em oposição à pobreza, miséria, fome, doenças com que é castigada boa parte da humanidade. Em sua busca por encontrarem as respostas, acabam sentindo que Deus os achou mais preparados para receberem a boa fortuna, fazendo bom uso da mesma, e é com base nisso que sentem a responsabilidade de combater as mazelas da humanidade, de compensar os fragilizados.
A missão, no entanto não é somente o ato, a escolha, ela está ligada à vida inteira da pessoa, ao aprendizado adquirido. Sabem o ditado popular “Deus dá a coberta conforme o frio”? Ninguém se mete a fazer o que está além de sua capacidade intelectual e emocional, de sua coragem, por isso o ditado tem fundamento. Quantas vezes exclamamos “Não sei como fulano agüenta!”, querendo dizer que nós não temos a mesma capacidade.
Por maior que seja o suplício a maioria das pessoas se sai bem, isto porque no íntimo cada ser sabe e sente que precisamos passar por determinada experiência, ainda que seja claro somente para uns poucos. A vida mais insignificante tem um reflexo espiritual e até prático. O lucro além de cumulativo tem um proveito individual e universal que se refletirão nos atos futuros do indivíduo, no ambiente que circulou e, em um tempo mais longo, beneficiarão o mundo, ainda que a pessoa leve anos, ou mesmo o final da vida, ou várias vidas para entender porque sua vida foi tão tediosa, ou porque experenciou tantos tormentos.
Afinal todos os acontecimentos que vivenciamos diretamente, são conseqüência de nossas escolhas, mesmo que certos episódios envolvam ações malévolas de terceiros na nossa vida. Ainda assim, a situação é reação a escolhas e ações pessoais. Seja como for, sendo o ser humano uma criação perfeita, o nosso próprio espírito nos avisa e cobra a hora de pular fora e ainda que muitas vezes de forma sofrida logo reencontramos a luz, o caminho para a verdadeira jornada.
A divina providência trabalha no submundo da nossa mente, nos oferecendo sinais que nos alertam do perigo, trilhas que se nos apresentam para as seguirmos, por vezes uma saída apertada, portas a serem chutadas, talvez cadeados para estourar. A situação pode exigir coragem para fugir, largar, abandonar ou uma ousadia sobre-humana, aventureira para encontrar, ou recusar o destino (Pai, passe de mim esse cálice). Certo é que a luz no fim do túnel está sempre lá aguardando nossa mente abrir-se para enxergá-la. É a ordem em meio ao caos, o zelo divino.
A hora em que nossa mente se ilumina, é a hora certa. É o que acontece quando o indivíduo parte em uma jornada espiritual. Ele caminha pelo seu Getsemâni pessoal para responder “Afinal o que eu quero?” ou “Porque estou infeliz?” ou ainda “Estarei no caminho certo?”
Quando a pessoa se questiona, ela está então e na verdade atendendo a um apelo de seu íntimo, de seu espírito inquieto, atormentado pelo perigo de não cumprir o que se propôs, de se desviar do caminho, infeliz com sua condição do momento. É assim então que a voz dentro de si mesmo, a voz de Deus (como queiram chamar), responde os questionamentos, clama “Esta é a hora, isto é o que preciso fazer”.
Este é o chamado do herói, que muitas vezes nada mais é do que um apelo para retomar as rédeas do destino, para sair do rebanho, da zona de conforto, elevar-se a uma vida mais verdadeira, com o exercício digno do livre arbítrio, em harmonia com as virtudes que tem em si, sobrepor-se aos vícios do corpo, desviar-se das armadilhas do mal, que atormentam o espírito, compromissado consigo mesmo, com a criação e o criador.
O chamado da alma assim funciona para todos. É a colheita do que se plantou, o momento para o qual se preparou nesta vida e em outras, o resultado de tantas experiências (Karma) que lhe trouxeram o conhecimento necessário, a iluminação, para cumprir a sua missão (o Dharma). Então ele se entrega, aceita o cálice, de vinho ou de sangue, mas de todo o jeito, o seu cálice, seja feita a tua vontade - "Pai, em tuas mãos entrego meu espírito". (Qual a sua missão(2) - O direito de ser feliz)
Consciência na realidade - Despertando o poder e a ciência de quem você é
(Conheci este blog por estes dias e vim correndo colocar o link aqui)
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