A tecnologia vai nos salvar?

Salve-se quem puder

"O progresso não é uma ilusão. Ele acontece, mas de forma lenta. E, invariavelmente, termina nos desapontando." George Orwell

É impossível não ficar fascinado com tanta aparelhagem: máquinas de lavar e secar computadorizadas, robôs fazendo cirurgias e auxiliando médicos com diagnósticos mais precisos, arquivos virtuais com capacidade para detonar aquela ilimitada e vergonhosa quantidade de papéis empoeirados e cheios de fungos... E nas ciências então?! Computadores que desvendam o DNA de seres vivos com muito mais rapidez e menos custos, microscópios capazes de, e finalmente, mostrar um átomo, impulsionando a nanotecnologia, estimulando a possibilidade de manipular átomos e moléculas, como um pedreiro manipula tijolos.


Com esta recente tecnologia, nada mais segura a humanidade. Daqui para a frente, as novidades tecnológicas serão uma constante e em todas as áreas, já que esta não é uma tecnologia específica, mas todo um conjunto de técnicas baseadas na Física, na Química, na Biologia, Engenharia de Materiais, e na Computação, que estenderá a capacidade humana de manipular a matéria até os limites do átomo.

Lembro que nos anos 70, assistia um seriado de ficção científica, Space 1999, basicamente, a história acompanhava as inúmeras desventuras de uma meia dúzia de gatos pingados perdidos no espaço, já que a terra fora destruída, se bem me lembro, por um meteoro. Tudo na história me parecia ridículo. Era uma discrepancia enorme da realidade. Muita fantasia até mesmo para minha mente de adolescente. Naves cinematográficas parecendo trailers espaciais numa época em que carros voadores continuavam fazendo parte apenas do imaginário coletivo.

Mas a dinâmica dos avanços tecnológicos provou o contrário. Esse futuro, que eu e muita gente, achava impossível, está bem mais perto. A nanotecnologia foi o despertar. Com ela mal vamos poder acompanhar os avanços. Vamos testemunhar a criação de novos materiais, mais leves e mais seguros para prédios, automóveis, aviões e muito, muito mais apetrechos que mal conseguimos imaginar.

Então...

Eis que por esses dias, um documentário, "Impacto Final", no Discovery Channel atraiu a minha atenção. Um grupo de cientistas visualizam o futuro da humanidade após o impacto da queda de um cometa na terra. As imagens são assustadoras. Uma catástrofe imensurável. Cidades destruídas, porcentagens da terra que somem e gente morrendo sob uma sequência de desastres em cadeia: ondas gigantescas, terremotos, incêndios, temperaturas altíssimas... Ante o horror de tal futuro nos assombrando, fatalmente muita gente que assistiu deve ter se perguntado: mas então cadê toda a tecnologia? Não vai nos salvar?

Imediatamente lembrei do clássico Fausto de Goethe. O personagem Fausto, após usar toda a tecnologia e o poder que ele vai adquirindo com o conhecimento, somente no seu catastrófico final, se depara também com esta questão. Talvez nós como Fausto, estejamos ocupados, confiantes e iludidos demais com o poder da tecnologia sobre a vida e a morte e se não acordarmos como Luke Skywalker, em Guerra nas Estrelas, quando escutou o valioso conselho: "Desligue o computador e confie em seus sentimentos" mais, muito mais do que garantirmos uma vida distante de qualquer perigo, estaremos, na verdade, cavando nossa sepultura e, quem sabe até, antecipando a morte!

Obs: Tendo se inspirado na obra do pesquisador e escritor Joseph Campbell, o cineasta George Lucas recorreu a Campbell para criar Star Wars. Para o pesquisador a trilogia tem muito da obra de Goethe.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A "empatia" seletiva

Pensamentos dominantes