O valor das coisas (um pitaco mais)
"A maneira de apreciarmos uma coisa é dizermos a nós próprios que a podemos perder." Gilbert Chesterton
Tudo começou com uma de minhas manias....
Tudo começou com uma de minhas manias....
Ia eu pela rua,
quando me dei conta de que estava sem brincos. Apesar da pressa, estaquei
momentaneamente. Levei a mão à outra orelha. Nada! E pronto! Isso foi o suficiente para eu esquecer tudo o resto.
O que me traz ao tema em questão.
Olhando aquele momento, eu posso ver os mil
balõezinhos de dúvidas e questionamentos se formando à minha volta. O impulso
me empurrava para uma loja de brincos, o senso crítico e a consciência me
puxavam a orelha.
O ponto é que fosse o que fosse, havia justificativas
bem racionais para eu seguir meu caminho e esquecer a história dos brincos.
Mas... Havia um porém, o sentimento! E sentimento, todos sabemos, é algo que
foge do campo da racionalidade, da matemática. Sentimento é uma química
interna, independente, imensurável e única. Não importa a natureza do mesmo ou
o alvo, se pelo time do coração, escola de samba, o George Cloony, Deputado Pr. Marco
Feliciano, o vestido deslumbrante, o bolo tentador, a vizinha gostosa.... o
BRINCO!
Somos uma complexidade ambulante, que se manifesta de
mil formas. E somos uma sociedade complexada, envergonhada, enrustida. Isto
porque uma consciência comandada por
agentes externos gera insegurança, desequilíbrio, piração, como Freud cansou de
repetir, em seu estudo sobre histeria. Determinadas palavras nos levam a uma
reação condicionada. Como a palavra futilidade, que surgiu naquele momento em
minha mente.
Mas, vem cá!
Quem foi que decidiu que ter uma consciência de coletividade, implica em esquecer-se de si mesmo, anular-se como indivíduo? Pensando bem, quando reconhecemos e assumimos nosso ser individual, nossas necessidades pessoais, íntimas, não nos tornamos mais plenos e conscientes do outro, e portanto, da coletividade?
Quem foi que decidiu que ter uma consciência de coletividade, implica em esquecer-se de si mesmo, anular-se como indivíduo? Pensando bem, quando reconhecemos e assumimos nosso ser individual, nossas necessidades pessoais, íntimas, não nos tornamos mais plenos e conscientes do outro, e portanto, da coletividade?
Cada um sabe de si.
Naquele momento a necessidade de um brinco se tornou
uma prioridade, simplesmente porque andar sem, era, para mim, um incômodo. Algo
muito pessoal. Conheço várias pessoas que teriam achado minha necessidade ridícula
e fútil, coisa de loira encaracolada.
Fiquei parada na calçada, por um ou dois minutos
enquanto minha individualidade se situava e se resolvia. O drama que acontecia a
níveis profundos da minha mente, intervinha na minha vontade de entrar logo
numa loja e resolver a questão da forma mais prática.
Talvez me libertando, não sei se definitivamente, da
crise de valores doentia que assombra, denigre a nossa sociedade e se reflete
no exagerado número de sifrões($) das mercadorias (???!!!).
Outras pessoas que escreveram sobre o assunto:
A nossa mente nos prega muitas peças ....
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