Decifra-me ou te devoro
A esfinge era uma
estranha criatura da mitologia grega, usada como protetora de portais. Do alto da sua orgulhosa e ameaçadora
imponência, propunha um desafio a quem queria entrar: decifra-me ou te devoro. Era uma coleção de enigmas. Quem não acertasse era *estrangulado. Tinha o enigma mais famoso que ninguém conseguia decifrar. O que é… o que é… pela manhã tem quatro pés, ao
meio-dia tem dois, e à tarde três?
Relações humanas são igualmente desafiadoras, pois somos, nós mesmos, seres enigmáticos e essencialmente emocionais. Queremos nos dar bem com todo mundo, mas isso é quase impossível.
Mesmo distribuindo sorrisos e abraços por todo o lado, há sempre alguém que nos quer ver pelas costas.
Tudo começa no ego.
Quanto maior aquele, mais difícil o caminho, tanto para os grandes, como para os pequenos. Grandes egos vivem num mundo de ilusão. Diferentemente da esfinge, o desafio com estes tipos é subliminar. Quando os egos menores percebem que serão devorados, na maioria das vezes, é tarde demais.
Instintivamente,
estes egos exacerbados conseguem criar uma atmosfera de felicidade, perfeição e
segurança em torno deles, fazendo com que as pessoas em volta, se moldem às suas
expectativas. Eles recusam-se a enxergar o outro como personalidade independente,
percebendo apenas as afinidades. É assim que eles vêem e apreciam no outro, na
verdade, a si mesmos.
Relações
são assim como jogos, aventuras, desafios, adivinhações e quem dá as cartas é a
liderança. A sorte está na saúde mental e equilibrada do líder. Infelizmente
isto é uma raridade, quase uma quimera. O normal são mesmo as relações de domínio e submissão.
Voltando à esfinge…
Alguém decifrou a charada: O homem — engatinha como bebê, anda sobre dois pés na idade adulta, e usa uma bengala quando envelhece. Furiosa e humilhada, a esfinge jogou-se de um precipício.
Devorada pelo próprio ego.
* Historiadores afirmam que esta figura pode ter sido importada da cultura grega. A palavra esfinge deriva do grego sphingo que significa estrangular.
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