A hora certa

'Tudo tem a hora certa para acontecer, e na maioria das vezes aquilo que você mais deseja só vai acontecer quando você menos esperar.'
William Shakspeare(?)
Escuto dsincronicidadeesde criança que tem a hora certa para morrer. Tragédias, catástrofes, acontecem pelo mundo, a doença e a fome seguem causando estragos, mas em meio a tudo isso há os miraculosos sobreviventes. Não era a hora deles? Os que se foram entregaram os pontos, desistiram de viver, de lutar? Perderam a fé ou nunca a tiveram?
São questões que ninguém pode responder, mas e se estendermos o dilema a outros pontos da existência? Pessoas no mundo inteiro vivem ansiosas, preocupadas, esperançosas, sob a expectativa de algo acontecer ... ou não. Vontades!... Desejos!... Sonhos!... É o carro, a casa almejada, o grande amor, a viagem, um reencontro, o emprego dos sonhos, aquele negócio, o contrato, a gravidez... Isso para citar apenas os desejos mais comuns!

Eu por exemplo sempre desejei rever um velho amigo do passado, 20 anos para arredondar. Uma época em que sonhava muito com ele decidi procurá-lo. Diante da informação de que estava fora do país, segui com minha rotina, deixando esse meu desejo gravado em um recanto do inconsciente. E aí um dia, como que do nada, recebi um e-mail. De lá para cá, apesar de morarmos na mesma cidade, nosso contato permanece restringido à internet. Entretanto sabemos que já aconteceu de eu chegar a um lugar e no exato momento, ele estar dali saindo.

Por esses dias, conversando no MSN, ele me disse que estava de férias e que poderíamos nos encontrar para um almoço, que a partir desse outros viriam, isto se eu “gostasse da careca dele”. Inicialmente eu ri, mas depois fiquei assustada. De repente ele fez surgir um dilema que eu sequer cogitara. O ontem e hoje. Isso me brecou e a história do almoço morreu.

Foi assim que cheguei a estas reflexões. Existe a hora certa? Estarei eu apressando, retardando, boicotando ou adiando o inevitável? Lembrei de uma passagem de um livro de Barry Stevens, a frase que dá título à obra “Não apresse o rio”. A explicação da autora: ‘É uma citação zen. Para mim, significa deixar-se ir junto com a vida, sem tentar fazê-la ir para algum lugar, sem tentar fazer com que algo aconteça, mas simplesmente ir, como o rio; e, sabe, o rio, quando chega nas pedras, simplesmente se desvia, dá a volta; quando chega a um lugar plano, ele se espalha e fica tranqüilo, simplesmente vai se movendo junto com a situação em torno, qualquer que seja ela.

Ambos moramos na mesma cidade, sei agora que ele nunca daqui saiu, e nesses 20 anos nunca nos cruzamos. Curioso, não? Mais ainda se lembrar que nesta mesma cidade reencontrei uma amiga da minha infância, distante no tempo e no espaço por quase 30 anos, desde que nos víramos pela última vez em outro país, outro Continente. Relembrando esta hora em que o mundo me pareceu menor os desencontros com meu velho amigo evidenciam-se bem mais estranhos.

Estatisticamente seria de se esperar que eu o reencontrasse mais facilmente, e com grande periodicidade, isto porque freqüentamos os mesmos locais e dividimos gostos e interesses. O que não acontece com minha amiga da infância. Fato é que um reencontro virtual aconteceu e estamos na iminência  de torná-lo real e o acaso certamente não o explica. Jung chamaria de sincronicidade, uma coincidência significativa entre eventos psíquicos e físicos. De uma sintonia mental e física, cria-se a realidade.

Houve momentos, em todos esses anos, que eu relembrei minha amiga de infância  em conversas eventuais, sem nunca cogitar a possibilidade de reencontrá-la. Já com meu velho amigo, embora eu não comentasse com ninguém certamente expressei intimamente, com maior frequência,  até por uma ordem de fatores, a vontade e a esperança de revê-lo, ainda que esmorecida no tempo.

Posso agora imaginar mais facilmente Einstein e Jung trocando idéias, estabelecendo conexões sobre vibrações no Universo, a sincronia entre as dimensões física e não física, e ainda que minha compreensão seja bem ínfima diante da visão muitíssimo mais abrangente de ambos, fico plenamente tranquila com as palavras de Einstein “Tudo acontece na hora certa. Tudo acontece exatamente quando deve acontecer. e segura com as de Jung "Não posso provar a você que Deus existe, mas meu trabalho provou empiricamente que o "padrão de Deus" existe em cada homem, e que esse padrão é a maior energia transformadora de que a vida é capaz de dispor ao indivíduo. Encontre esse padrão em você mesmo e a vida será transformada."

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