Pelos caminhos da mente (2)

"Não existe verdadeira inteligência sem bondade." (Beethoven )
Atracao fatal
Filme: Fatal Attraction, 1987, dir. Adrian Lyne, com
Michael Douglas e Glenn Close
Acredito que as emoções, a capacidade de senti-las e expressá-las, são realmente uma característica diretamente ligada à evolução e sobrevivência das espécies e acredito ser possível e importante quantificá-las. Charles Darwin, em sua obra, já mencionava a importância da “expressão emocional” para a sobrevivência e adaptação.

Não dá para sobreviver a uma depressão, doença, catástrofe se o espírito estiver previamente abalado ou se abalar com o acontecido a ponto de embotar a ação. Os sobreviventes são os que se levantam e dizem “Posso até morrer mas vou lutar até o fim”. Estes correm em busca do que for, nada os detém, são os que seguem com a vida mesmo quando a doença insiste em os derrubar, são os que choram por alguns minutos todo o dia a tragédia, mas logo sacodem a poeira e vão à luta.

Triste mesmo é quando acontece o oposto. A pessoa cai numa de auto comiseração, de dor e desamor de si mesma e não sai da ceifa torta. Há como que uma morte emocional. A vitória da emoção sobre a razão. O corpo acompanha a debilidade e o desfecho pode ser estupidamente trágico.

Há assim uma variância no diferencial emocional dos indivíduos. Os que seguem adiante apesar das infelizes circunstâncias e ou ocorrências e os que parecem sofrer um embotamento mental pelas mesmíssimas razões. O Q.E. nestes casos sobrepõe-se ao Q.I., nossa inteligência plena fica abalada, como um breque ou avaria no mecanismo que faz o cérebro funcionar.

Mas a debilidade pode também estar relacionada a uma defasagem emocional, uma analfabetização emocional, digamos assim e uma incapacidade de adquiri-la, sobretudo quando congênita. Seja qual for o estágio, podem repercutir em muitos males futuros. O mais comum é o indivíduo fraco de personalidade, robotizado dizendo sim a tudo quando dentro dele sua voz muda grita não, e segue agonizante pela vida. É o sim ao pai, ao cônjuge, ao chefe e assim vai até que um colapso mental o leve à loucura, à esquisofrenia, à psicopatia, aos distúrbios de personalidade, ao crime, ao assassinato, à doença, ao suicídio, ou a quaisquer ansiedades patológicas mórbidas.

Tal como no processo do uso da capacidade intelectual, capacidade emocional envolve a percepção e é também um processo mental, que exige reconhecimento, compreensão e classificação. Em uma escala similar à do Q.I. (Quociente de inteligência) Gandhi e Martin Luther King, por exemplo, teriam um Q.E. (Quociente emocional) de gênios, já que se trata de exemplos de indivíduos que desenvolveram qualidades emocionais a um nível extraordinário, dedicando a vida a causas sociais que para a grande maioria da população mundial eram sonhos e lutas perdidas.

Há muitos exemplos de pessoas na história da humanidade que deixaram sua marca sem que seus feitos extraordinários envolvessem um Q.I. destacado, mas sem dúvida, uma capacidade emocional sublime. Pessoas que colocaram o bem comum acima da própria vida. E temos também o oposto, indivíduos sanguinários cuja capacidade emocional precária pode ser comparada à de um predador irracional.

Porque então persistir na valorização exacerbada do intelecto apesar de comprovado que o Q.E. tem impacto maior no sucesso e fracasso? Já escutei professoras do ensino público se queixarem do estresse de “ensinar crianças burras”. Ora é sabido que muitas dessas crianças além da subnutrição, vêm de lares problemáticos que ocasionam respostas comportamentais adversas. A baixa auto-estima, por exemplo, pode ser uma tragédia crescente e silenciosa desenvolvendo-se com a criança e refletindo-se em sentimentos auto destrutivos: vergonha, timidez mórbida, angústia, desânimo, e um sem fim de emoções e comportamentos agressivos ou uma apatia doentia.

Sabe-se que o funcionamento da mente permanece um grande mistério. Podemos no entanto perceber sem necessidade de grandes elucubrações, que se o Q.I. é um atributo de relevância social, o Q.E. é o agente motivador implícito e coadjuvante na dinâmica mental, integralmente. Porque então não transformar, definitivamente, em termos práticos, os cuidados com a mente no pivot da nossa existência? (Pelos caminhos da mente - 1)

Percepções e estratégias para suas inteligências
ABRAPA - Associação Brasileira de Problemas de Aprendizagem
Inteligência Emocional - Como usar as emoções a nosso favor
Imagem do blog Mandra Brasa

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Pensamentos dominantes

A "empatia" seletiva